PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa

13ª AULA - DATA: 21/08/13

INICIANDO A CONVERSA

Leitura deleite - Pai contra mãe - Machado de Assis



O conto Pai contra Mãe, de Machado de Assis, publicado em 1906, ambienta-se no Rio de Janeiro do século XIX antes da abolição da escravatura, que serve de pano de fundo para a narrativa, não se configurando, porém, como a questão principal. O pensamento predominante chega a ser maquiavélico, com destaque para a “coisificação” do ser humano e, capitalista, à medida que trata os escravos como mercadorias.


Nós, professoras do grupo dos 3ºs anos ( aqui conhecidas como Ano 3 - material PNAIC),  começamos analisando algumas sondagens com produções textuais e,  também, as descrições dos saberes contendo as hipóteses de escrita do 1º trimestre. Optamos por começar  pela minha turma em função da disponibilidade do material naquele momento. Fomos discutindo alguns pontos essenciais para considerarmos nas avaliações trimestrais e, principalmente no final de ano.
Inicialmente nos questionamos se sempre iremos agrupar as crianças e criar níveis de saberes, tendo como principal referência às hipóteses de escrita? Daí passamos a olhar as sondagens e buscamos entender o porquê de algumas crianças apresentarem avanços e outras não. Algumas com mais dificuldades e outras com menos. 
O fato é que existe uma grande discrepância na turma, principalmente quando se trata de produções textuais. Nas produções textuais que comparamos - um pequeno grupo avança lentamente e muito pouco em relação ao grupo maior.
Outro ponto que percebemos e analisamos é a escrita de palavras - sempre muito mais fácil para todos em geral. Mas quando se fala de texto fica difícil a construção de frases, o desenvolvimento dos elementos textuais - uso de conectivos, a não repetição dos mesmos, enfim, saber construir uma frase coerente.E quando começamos a entrelaçar escrita e leitura percebemos que uma colabora com a outra... mas como dar conta das duas com equilíbrio? Geralmente a nossa tendência é hiper valorizar a escrita. Talvez por conta das questões ortográficas - sempre em vias de resolução (?)
    
TAREFA PARA CASA/SALA


Vamos agora observar os saberes e, em seguida, as produções textuais já com a tabela/ apuração da quantidade de alunos por Hipóteses de escrita.                                

DESCRIÇÃO DOS GRUPOS DOS SABERES 1ºTRIM  2013 - 3º ANO A
COMPONENTE CURRICULAR; LÍNGUA PORTUGUESA

GRUPO I
Escreve ortograficamente as palavras ditadas com algumas trocas de letras e/ou sílabas, geralmente  dígrafos e/ou encontros consonantais; Apresenta grafia legível, mas o traçado da escrita cursiva necessita aprimoramento;  Produz textos curtos a partir de uma sequência de figuras ou de um tema proposto. Ordena e articula  as idéias adequadamente, obedecendo  uma  lógica  de acontecimentos e mantém o foco  principal, mas sem inovar; Reconta e reescreve histórias lidas ou ouvidas só com as ideias principais, Utiliza letra maiúscula no início das frases e deixa o parágrafo inicial, mas só quando avisado. Geralmente escreve sem a preocupação de pontuar ou acentuar, mas o ponto final, por vezes, aparece;  Observa-se um  crescente interesse em tirar dúvidas de ortografia com a professora; Lê com certa fluência pequenos textos.Interpreta os textos lidos e localiza informações específicas. Participa de conversas  coletivas e faz comentários relevantes.
         
GRUPO 2
Escreve ortograficamente as palavras ditadas, mas comete, com  certa frequência, trocas e/ou omissões de letras e/ou sílabas com sonoridade semelhantes. Apresenta grafia legível, mas o traçado da escrita cursiva necessita aprimoramento; Produz  pequenos textos com frases curtas a partir de um a ou mais imagens. Observa a sequência de idéias e procura manter o foco principal, mas precisa de alguma orientação;Localiza informações solicitadas em textos curtos através de estratégias próprias.Interpreta  os textos lidos e busca informações específicas, mas precisa de orientação.Lê  com certa dificuldade.Expõe suas idéias nas conversas coletivas quando convidado.Faz perguntas pertinentes aos temas abordados em sala de aula.
GRUPO 3
Escreve as palavras ditadas  alfabeticamente desde que sejam palavras com sílabas simples. Embora reconheça o valor sonoro das sílabas, apresenta, com bastante frequência, trocas fonéticas, omissão de sílabas - tanto no início como na terminação das palavras; a maior parte são sílabas complexas, por desconhecer a grafia das mesmas; Escreve com letra bastão – traçado nem sempre legível.Escreve frases  a partir de uma sequência de  figuras, da mesma forma que lê, atribuindo algum valor sonoro, oscilando entre a hipótese de escrita silábico-alfabética à alfabética, só que foge do foco principal e/ou não observa a sequência de idéias – sempre precisa de ajuda;A maior parte das palavras escreve de forma aglutinada ou segmenta-as inadequadamente;Nem sempre observa a delimitação do espaço para o registro escrito. Lê com bastante dificuldade fragmentando as palavras. Ouve os textos lidos pela professora ou por colegas e, por vezes, reconta algumas partes da história; Só realiza atividades de entendimento e interpretação com ajuda.  Algumas vezes expressa suas idéias para o grupo, nem sempre com clareza. Precisa da interferência da professora.
GRUPO 4
Escreve as palavras ditadas oscilando entre a escrita silábica sem valor e a silábica com valor.  Escreve frases  a partir de uma sequência de figuras, da mesma forma que lê: por vezes silabicamente – atribuindo algum valor sonoro – nem sempre corretamente; outras vezes a hipótese de escrita que aparece é pré-silábica. Aglutina e/ou segmenta as palavras indevidamente. Ainda confunde-se na escrita de algumas  letras do alfabeto e também, na sua ordem sequencial . Consegue associar figuras às palavras que as nomeiam, utilizando estratégias próprias, como a identificação sonora e visual da primeira letra e/ou sílaba de uma dada palavra/imagem. Lê a maioria das letras do alfabeto, algumas sílabas e palavras que sabe decor. Reconta histórias com ajuda da professora, mas omite trechos que comprometem a compreensão da totalidade. Possui certa dificuldade para expressar as suas ideias mas, algumas vezes, faz comentários apropriados.

Agora, após refletirmos a respeito dos saberes do 1º trimestre, vamos efetuar uma observação mais pontual nessas produções de texto, que ora intitulamos "Cena Fantasma".
São 18 produções textuais escritas pelos alunos sem que precisássemos fornecer informações extras, uma vez que a imagem, por si só é explicita. . Apenas àqueles que ainda estão no nível de escrita Sílábico com valor sonoro - SCV ou em transição para o Silábico-Alfabético é que receberam alguma ajuda mais específica, para poderem escrever seus textos. Isto porque, conforme já dito antes, a formação de frases requer um nível de escrita um pouco mais refinado do que a escrita de uma ou duas palavras. Por isso, as crianças que ainda não lêem/escrevem com autonomia precisam aprender a utilizar elementos de coesão, para que possam formar frases com um certo balanço. As palavras precisam fazer sentido e ter coerência. Tudo isso, aos poucos, com o aumento de vocabulário que a leitura proporciona, possibilitará que o aluno aprimore sua linguagem escrita. 
                                      
 PRODUÇÕES TEXTUAIS -  CENA : FANTASMA


Este quadro que postamos em seguida, se atentarmos para a coluna de 02/7 - Textos Fantasma, podemos acompanhar o nível de escrita que cada criança apresenta. Inclusive pode-se avaliar como está o crescimento de cada um em relação à avaliação inicial e do 1ª trimestre. Na verdade esse nível de conhecimento da escrita é apenas um guia para que possamos reajustar nosso planejamento e propor atividades mais especificas para que possam aprimorar a escrita alfabética, quando já estiverem chegado lá é claro.
Ao acompanharmos a evolução do aprendizado do aluno pelos níveis de conhecimento da escrita, estamos apenas enfatizando um dos aspectos que compõem o processo de alfabetização. Aliás esse aspecto é significativo, principalmente, para que possamos preparar atividades de alfabetização mais pontuais, ao encontro daquilo que a criança precisa para crescer na alfabetização de uma maneira geral. E, para os que já estão alfabéticos, um dos caminho para aprimorarem a escrita é através de atividades ortográficas.                                            
                                         
                              
Ao agruparmos o total de alunos por níveis de conhecimento de escrita, teremos a seguinte posição, que pode ser observada e analidade através da tabela postada a seguir:
                                                            TOTAL DE ALUNOS POR  NÍVEL DE CONHECIMENTO DE ESCRITA

FEVEREIRO


MARÇO


JULHO

NÍVEIS DE

ESCRITA

LEGENDA

DIAG.

INICIAL


1º TRIM

PRODUÇÃO

TEXTO FANTASMA

ORTOGRÁFIC

NÍVEL 1



3


4


6

ALFABÉTICO

NÍVEL 2



5


4


5

SILÁB-ALFAB.

NÍVEL 3



6


7


4

SILÁB. CVS

NÍVEL 4



8


7


3

TOTAL DE ALUNOS POR

SOND./NÍVEL





22



22



18
        OBS:  FALTARAM 4 ALUNOS NO DIA DA PRODUÇÃO DE TEXTO FANTASMA
                   TEM 1 ALUNO EM PROCESSO DE TRANSFERÊNCIA - TE

 Mesmo considerando os alunos que faltaram na produção textual do fantasma, observa-se que a quantidade de alunos ortográficos/alfabéticos está crescendo na mesma proporção que os silábicos-alfabéticos e silábicos com valor estão regredindo. Isto é sinal de que o planejamento e execução de atividades estão no caminho adequado.  Mesmo assim, necessário se faz rever e reajustar o planejamento semanal. É preciso nesse momento propor mais atividades que possam refinar a ortografia dos níveis 1 e 2 - ditos ortográficos e alfabéticos. Esses também precisam ser alvos de nossa preocupação. Junto com isso, vamos continuar efetuando intervenções pontuais em nossa prática pedagógica para que os demais níveis continuem crescendo tanto na leitura, quanto na escrita, em especial na produção de textos. Evidentemente que a rotina semanal não é só isso, mas teremos que colocar algumas prioridades. 
O principal objetivo do 3º ano de alfabetização é levar as crian~ças a consolidarem seus conhecimentos das correspondências som-grafia, de modo a ler e a escrever palavras formadas por diferentes estruturas silábicas, dando continuidade ao trabalho, sipostamente desenvolvido no ano 2 em relação a esse aspecto.Em vista disso, devemos ter claro que, as práticas de sala de aula que envolvem leitura e produção de textos, devem ser orientadas no sentido de levar a criança a compreender que, o que se escreve e a forma que se usa ao escrever, estão diretamente relacionados ao efeito que o texto procura produzir no leitor, ou seja, a sua finalidade.
Embora acreditemos que a reflexão sobre tais princípios deve ser aprofundada no ano 1, não é difícil encontrarmos situações em que o professor se depara com alunos que chegam ao ano 3 sem o domínio inicial do SEA. Nesse sentido, é importante desenvolver estratégias de trabalho que possibilitem o avanço dessas crianças, a fim de que, ao término do ano, estejam, pelo menos, no nível alfabético de escrita e tenham aprendido muitas das correspondências letra-som de nossa língua. Diversos fatores ou um conjunto deles podem fazer com que o aluno chegue ao ano 3 em um nível de escrita pouco avançado. Podem ser citadas causas como a falta, nos anos anteriores, de ensino sistemático da escrita alfabética ou a falta de um ensino ajustado às necessidades do estudante nos anos 1 e 2 do Ensino  Fundamental. O professor, insistimos, precisa ser um facilitador do processo de apropriação do SEA. É importante que ele diagnostique o que a criança já sabe sobre a escrita e que saiba o que fazer para desenvolver uma metodologia de ensino para propiciar o avanço do pequeno aprendiz.
A discussão mais relevante, entretanto, não deve ser acerca da presença ou ausência do ensino, mas sobre como as correspondências letra-som podem ser ensinadas de forma reflexiva e prazerosa.Concebemos que a aprendizagem é um processo de construção do conhecimento, ocorre através de conflitos interiores estabelecidos pelo indivíduo, tanto quando escreve sozinho (atividades individuais) como quando escreve em interação com os demais (atividades em pequenos grupos, em duplas ou feitas coletivamente).
Nessa perspectiva, o professor entra como mediador do processo de aprendizagem, tendo por responsabilidade a organização de atividades que levem o aprendiz a refletir e, assim, compreender os princípios do SEA, a partir de suas descobertas e conflitos.  

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