PNAIC - Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa

6ª AULA - DATA: 12/06/13 - Tarefas 1, 2 e 3

INICIANDO A CONVERSA

O objetivo principal dessa aula é finalizar a Unidade 1 em que discutimos três temas:  Currículo, Alfabetização e Letramento e  Avaliação. Vamos sintetizá-los realizando as três tarefas seguintes. A Tarefa de nº 1 se traduz sobre: uma dúvida, uma certeza e uma reflexão.
                                                   
TAREFA 1
CURRÍCULO, ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E AVALIAÇÃO UMA 
DÚVIDA, UMA CERTEZA E UMA REFLEXÃO


UMA DÚVIDA:

como introduzir práticas de letramento no processo de alfabetização escolar sem que exista um consenso no coletivo de professores? Isto porque, estudos sobre letramento têm desencadeado questões importantes acerca das práticas escolares de leitura e da produção textual, surgindo inclusive inúmeros questionamentos por parte dos professores alfabetizadores, do tipo: “A falha está nos métodos de alfabetização adotados? O letramento não desvia o foco do trabalho específico da alfabetização? Agora é preciso alfabetizar letrando? O que isso signfica? Não se pode esquecer que uma prática de letramento na escola é sistemática e se diferencia de uma prática de letramento no bairro, na família, na igreja, etc.

UMA CERTEZA:

Ao iniciarmos qualquer trabalho pedagógico, é importante que todos os envolvidos no processo compartilhem dos mesmos objetivos.É preciso construir coletivamente o que se espera em relação aos direitos de aprendizagem e desenvolvimento no ciclo de alfabetização. Para isso ímpõe-se um aprofundamento da compreensão de currículo  que  leve em conta a experiência extraescolar dos alunos, os problemas vividos em cada realidade local, os saberes enfim, modos diferenciados de aprender.

UMA REFLEXÃO:

 Em meio a certezas e dúvidas, é importante pontuar que não existe um método único, ou combinação única de métodos, que possa ensinar a ler e a escrever  todas as crianças com sucesso.Isso leva a crer que o professor precisa desenvolver um profundo conhecimento a respeito de diferentes métodos de ensinar a ler e a escrever. Daí a importância de se trabalhar a alfabetização voltada às práticas de letramento. Fato que me leva a refletir a respeito das formas de organização do trabalho pedagógico. Isto porque, a maneira como se planeja e organiza o trabalho pedagógico relaciona-se intimamente com questões como: que criança é essa que chega ao ensino fundamental, que infância nos revela. Em uma palavra: que aluno temos e queremos?

Chegamos num ponto que não é mais possível ensinar a ler e escrever desvinculados de seus usos e funções sociais.

Ao mesmo tempo, precisamos definir coletivamente, pelo menos entre as professoras de um mesmo ciclo, quais atividades funcionarão como instrumentos de avaliação, para que possamos conhecer esses alunos reais, quais saberes possuem e, com base nesses saberes planejarmos para diferentes grupos de alunos, de acordo com níveis de aprendizagem que, mesmo não sendo iguais, podem ser categorizados em grupos. Portanto, planejar algo único e comum para a turma não basta. Isso leva a crer que, por vezes, àquilo que chamamos de dificuldade de aprendizagem, arrisco a dizer que pode ser um modo de aprender diverso. Somente um olhar cuidadoso do professor é que pode levar a intervenções mais eficientes no ensino.

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TAREFA 2

PENSE E ESCREVA SOBRE

Realizando uma retrospectiva histórica do ponto de vista de suas experiências escolares, que leitor e escritor se tornou?

            Essas experiências influenciam ou influenciaram na maneira como você organiza e ensina seus alunos a ler e escrever?  De que maneira contribui para seus alunos se tornem leitores e escritores? Que leitores e escritores está formando?

RELEMBRANDO LEITURAS E HISTÓRIAS NA ESCOLA
       
            Mesmo quando já sabia ler, por volta dos meus 6 anos de idade, fazia questão que papai contasse uma história. Não uma história nova –  mas pedia que repetisse apenas àquelas que eu gostava – “O Homem da Areia” cresceu junto comigo, apesar de papai repetir de tempos em tempos que histórias eram fruto da nossa imaginação. Ou melhor, da dele pois, se bem me lembro, ele jamais recontava uma história igual, principalmente se o final fosse horripilante.

            Finalmente chegou a minha vez de ir para a escola. Digo finalmente porque quando se é pequena temos aquele “fetiche” pela escola – pelo menos eu tinha. No começo a leitura não era tão prazerosa e nem tão fluente, pois o esforço era grande para juntar as sílabas, o livro pesava no colo e mesmo quando colocava o “danando” sobre a mesa, era o pescoço que doía. Mas logo a  professora, por mim venerada desde o primeiro momento que vi,  percebeu que eu sabia ler. Se bem me recordo éramos em 3 ou 4 que sabiam ler. Tínhamos que ler em voz alta trechos de histórias ou mesmo poesias, sempre de pé e com a voz bem alta pois, segundo a nossa professora, dessa maneira, a voz seria mais audível.

            Durante todo o  curso primário e o ginasial (era assim que se chamavam antigamente), tivemos que “recitar” muitas poesias. Isso sem falar das tabuadas, todas na ponta da lingua. Essas últimas agradeço bastante  a ”decoreba”, pois ficaram gravadas pra sempre em minha memória, me permitindo a realização rápida de muitas contas.

            Já as poesias, tenho algumas ressalvas: “O Pássaro Cativo” de Olavo Bilac, me rendeu muitos pontos a mais na média de português mas também, muita chateação. Isto porque, de tanto recitar o danado, fui aperfeçoando a fala e os gestos e cai na graça dos professores.      Quando  eu menos esperava, uma data importante chegava e uma festa acontecia. Lá estava eu, mostrando meus dotes de oradora e, ao mesmo tempo que declamava, improvisava alguns movimentos compondo uma encenação. Com o tempo, até asas de papel foram modeladas para uma perfeita performance.

            Muitas histórias eram lidas por todos nós semanalmente. Nem todas me agradavam. Até um dia o professor leu para nós “Sombra dos Reis Barbudos”. No mesmo instante pude sentir o quanto me impressionou, pois havia nesse conto, por assim dizer, algo semelhante com àqueles que papai contava na minha infância e eu gostava tanto.

            De novo eu estava frente a frente com o inusitado. Com o insólito. A dúvida permeando toda àquela narrativa. Algo dentro de mim não parava de perguntar. Será que isso é verdade? Será mesmo que existe essa Companhia que está formatando os moradores da cidade de Itatiara (acho que era esse o nome..).Nascia para mim, com J.J. Veiga e mais um contato com o gênero fantástico. Mais tarde, li uma história de Murilo Rubião que também marcou bastante o meu gosto pelo fantástico – O Convidado. Mais tarde ainda, juntaram-se ao fantástico, o estranho e o maravilhoso, mas isso já é uma outra história.

            Diante do exposto, vou tentar responder a segunda questão:“Se essas experiências influenciaram na maneira como organizo e ensino meus alunos a ler e escrever?

            Com certeza. Contar e ouvir histórias faz parte do meu todo dia com as crianças. Tanto é que mantenho uma biblioteca ambulante dentro de uma cesta ou caixa de papelão. Começa o ano letivo e lá estou eu com os livros. Claro que tenho o tabalho de selecionar, dependendo do ano de escolaridade que vou trabalhar.

            Se as crianças gostam? Amam, brigam para folhear alguns deles.  Mesmo os que ainda não sabem ler, dão conta do recado através das imagens. Geralmente as primeiras leituras são pedidas pelas crianças e os famosos contos clássicos são por mim contados em diferentes versões. Prefiro os originais mas, nem sempre, os tenho comigo. Faço algumas leituras diferenciadas para sondar do que mais gostam. Geralmente são os contos clásicos que mais agradam a criança pequena. Mas tenho tido outras experiências, alunos que preferem contos mais reais, histórias mais relacionadas ao cotidiano deles. E nisso Ricardo Azevedo entre outros conseguem agradar.

            Neste ano, particularmente, em que estou com uma sala de 3º ano, comecei com os clássicos e àqueles olhinhos me espionando como se quisessem, dizer algo. Alguns contos de Grimm, outros de Andersen  e fui intercalando com as histórias de Pedro Bandeira entre outras. Mas percebi que o murmúrio não cedia, algo não estava agradando.,...

            Pensei, algumas fábulas talvez.... Monteiro Lobato sempre me socorre com sucesso. Houve interesse afinal são crianças, mas a participação ainda foi tímida. Poucos comentários. Poucas dúvidas.

            Foi  com os contos de Ricardo Azevedo que senti o interesse voltar. Nada de fadas e duendes e nem de bruxas e princesas, pelo menos do jeito maravilhoso que eu tanto aprecio. Mas confesso que senti uma certa alegria ao perceber o quanto se identificaram com as histórias do livro: Historias de bobos, bocós, burraldos e paspalhões – parece que enxergaram algo real, algo mais próximo de suas vidas. Para que tenham uma idéia quem não conhece, essa obra, grosso modo,  apresenta seis histórias, todas resultado do trabalho de pesquisa do autor que, a partir de várias versões resgatadas da cultura popular brasileira, criou a sua própria história, mantendo sempre a essência do enredo original. A singularidade dessa obra está no tipo de herói que protagoniza as histórias: o sujeito tolo que vive atrapalhado, confuso, somando erros e fracassos, sendo passado para trás pelos espertos, provocando muito riso... mas que no final, meio sem querer, acaba se dando bem. E as crianças vibram, talvez exista alguma identificação (?)

            Ainda não tenho conclusões aprofundadas do porquê dessas histórias estarem agradando tanto. Mas já me adiantei e adquiri Contos de Adivinhação e Contos de enganar a Morte, também do mesmo autor.

            Contos de Adivinhação, longe de ser apenas  brincadeiras com palavras, todas as adivinhas costumam também ser metáforas. Ou seja, dizem uma coisa mas, ao mesmo tempo, querem dizer outra. Por exemplo, quando ouvimos: “A moça é uma flor” sabemos que o tal moça não tem folhas nem pétalas nem raízes mas sim que é bela, cheirosa e delicada. É uma moça e, também, é uma flor. Isso é uma metáfora. Em geral, as adivinhas funcionam da mesma maneira. Se alguém pergunta: “o que é que cai de pé e corre deitada?” já sabemos que o sujeito está falando da chuva. Se pergunta: “o que é que quanto mais se perde, mais se tem” sabemos que está falando do sono. A adivinha, portanto, pode ser considerada uma espécie de introdução à linguagem poética, mas mais que isso. Nas sociedades antigas, druidas e sacerdotes eram admirados justamente porque sabiam decifrar enigmas. E, para esses povos, os enigmas traziam sempre um conhecimento sagrado sobre a existência e o mundo.

            Contos de Enganar a morte também é um livro  interessante. As ilustrações do próprio autor são em preto e branco, em traço firme e grosso, lembrando muito xilogravuras de literatura de cordel. São fáceis de desenhar e iddo agrada e muito a criançada. Por vezes faço alguns desenhos na lousa e peço que reproduzam com um toque pessoal. O livro traz quatro saborosas narrativas populares brasileiras de pessoas que não queriam morrer e inventam truques e ardis para escapar da morte.

           Contos de bichos do mato traz 24 narrativas e quadrinhos mostrando a poesia e a sabedoria contadas pelo povo e recontadas também de Ricardo Azevedo.

Desta maneira, penso que proponho não apenas a leitura literária, ou a leitura cotidiana, mas a leitura como forma de participação social. O que estou propondo são diferentes formas de leitura que se intercalam e se complementam, com a intenção de formar um mosaico das diferentes formas de manifestação cultural e social.

Certamente, em breve voltarei aos contos ou Histórias dos contos brasileiros recontados por Ana Maria Machado, pressuponho devem agradar...

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TAREFA 3
ASSISTA O VÍDEO: SALTO PARA O FUTURO:
       EDIÇÃO ESPECIAL COM SÉRIE DE DEBATES SOBRE ALFABETIZAÇÃO

Debate 1 - O ciclo de alfabetização em debate: Muito a ensinar e a aprender 
Após assistir o vídeo reflita e escreva sobre os aspectos abordados no vídeo, olhando para o seu trabalho e para o seu planejamento.
Pense e escreva, três desafios e três perspectovas que temos hoje sobre a questão do ensinar e aprender, sobre a alfabetização e sobre o leitor e escritor que estamos formando.
Debater sobre alfabetização nos remete, numa primeira instância, saber que tipo de escola temos e queremos? Ao mesmo tempo, se esse professor que temos atende às necessidades dessa escola, principalmente em função das exigências que surgem a cada ano letivo, a cada novo governo, a cada nova lei sancionada enfim, como conciliar escola, professor, comunidade e alunos em meio um turbilhão de ideias e proposições, nem sempre tão desejáveis.
Junto com a questão de ensinar e aprender é importante saber quem é esse aluno que está chegando na escola no ensino fundamental? Quais experiências traz consigo? Essa criança de que estamos falando com idade de 6 a 8 anos conseguirá construir seu aprendizado com uma base de autonomia?Conseguirá realmente estar alfabetizado nesse periodo de 3 anos, conforme deseja o PNAIC? Evidente que alfabetizar é resultado de um planejamento bem feito pelo professor alfabetizador, mas que, sem dúvida, atenda à proposta pedagógica da instituição escolar como um todo e o próprio sistema escolar.
             Em vista do exposto, apresento três desafios que julgo significativos para nós professores alfabetizadores, quando estamos no exercício da nossa profissão, nesse vai e vem de ensinar e aprender a ler e escrever.
DESAFIOS E PERSPECTIVAS:
O primeiro deles é lidar com a heterogeneidade que, via de regra, se apresenta em sala de aula – alunos diagnosticados em diferentes níveis de saberes, fato que nos leva a promover diferentes aprendizagens, de maneira que, uma mesma atividade possibilite diferentes modos de aprender a ler e a escrever. Ao mesmo tempo, temos que lidar com as emoções dessa criança, dos pais e do próprio professor que também se sente angustiado com essa diversidade e o fato da aprendizagem nem sempre evoluir como havia planejado e no tempo previsto;
O segundo desafio é justamente conseguir planejar para essa clientela diversa, sugerindo atividades que agucem a curiosidade, que estimulem o desejo de aprender, atividades essas que possam, sobretudo, construir a autonomia dessas crianças, de maneira que se tornem atores do próprio processo de ensino – aprendizagem e nessa feita, partilhem com os colegas àquilo que já sabem e sintam-se motivados a aprender cada vez mais.
O terceiro é como trabalhar com uma organização escolar por ciclos de alfabetização? Isto porque a adoção de um regime de promoção continuada dos alunos no ciclo, sem reprovação, traz mudanças profundas para a dinâmica, a organização escolar e as relações que fazem parte da cultura escolar, posto que a nossa escola vive a “cultura da repetência”, como se a reprovação fosse a redentora dos problemas que não foram resolvidos, ao longo de um ano letivo, acerca dos processos de ensinar e aprender. A reprovação passa a ser, em nossa escola, uma estratégia pedagógica tão poderosa de solução para as não aprendizagens, que outras possibilidades ficam ofuscadas e sem legitimidade nos projetos e planejamentos escolares.
Agora, apresento três perspectivas sobre a alfabetização e, por conseguinte, para esse leitor e escritor que estamos formando:
A primeira delas é pensar a avaliação como parte integrante do ensinar e do aprender. Ou seja, a avaliação deve ser compreendida como mais um ingrediente dos processos de aprendizagem e não como uma etapa final do percurso. Um equívoco importante de ser desvelado é o entendimento comum de que se os alunos não serão aprovados ou reprovados, isso significa que eles não foram avaliados. Confundir avaliação com medida e com uma concepção classificatória faz parte mesmo do senso comum. Mas, afinal, para que avaliamos os alunos que têm o direito constitucional de frequentar o Ensino Fundamental e de se alfabetizarem?
A segunda perspectiva  é a mudança na escola, em direção a práticas mais democráticas de avaliação e, por¬tanto, não classificatórias ou segregadoras, não passa, inicialmente, por didáticas ou por mudanças de métodos mais contemporâneas. Uma mudança profunda implica uma reflexão acerca dos princípios que re¬gem nossa ação pedagógica e que nos darão a base para a construção de nosso projeto pedagógico e para os processos de avaliação que estiverem aí inseridos. A clareza e a retidão de princípios poderão nortear uma prática coerente e própria a uma escola democrática, compromissada com o crescimento e a valorização das crianças, estudantes, professores, educadores, funcionários.
A terceira e última é saber que a construção da autonomia é um dos princípios que orientam a organização em ciclos – cujo foco dos processos de aprendizagem sai da figura do professor, como era antes na escola seria¬da/moderna/de massa, e passa a se dar na interação aluno/professor/conhecimento – apontamos que um aspecto fundamental de uma avaliação formativa diz respeito à construção do princípio da autonomia por parte da criança, na medida em que lhe é solicitado um papel ativo em seu processo de aprender. Ou seja, a avaliação formativa, tendo como foco o processo de aprendiza¬gem, numa perspectiva de interação e de diálogo, coloca também na criança e não apenas no(a) professor(a), como ocorre tradicionalmente, a responsabilidade por seus avanços e suas necessidades. É fundamental transformar a prática avaliativa em prática de aprendizagem

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TAREFA PARA SALA

Retomada das leituras realizadas em casa, tendo como fio condutor o capítulo 15 das Diretrizes Curriculares -  as formas de organização do trabalho pedagógico ; pois é nesse momento que o coletivo de educadores deve-se reunir e discutir o para quê e como planejar. Planejar a forma de organizar o currículo junto com o planejamento e os saberes que queremos, tendo em vista a realidade do aluno que temos. Algumas professoras trouxeram o plano de ensino e, dessa forma passamos a estudá-los.

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